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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Usos do imaginário nos estudos afro-brasileiros e no culto umbandista

Usos do imaginário nos estudos afro-brasileiros e no culto umbandista

Fábio Ricardo Leme

Dissertação de mestrado em Psicologia (USP).

Data da defesa: 2006

Resumo: A psicologia analítica de Jung é umas das principais vertentes psicológicas de estudo das religiões afro-brasileiras, contribuindo na compreensão desse universo. Os pesquisadores desta tradição são atraídos por estas religiões por serem povoadas por fenômenos, como a vidência, o transe, a incorporação, entre outros, que têm importância vital na existência de seus praticantes, e que são classificados como da ordem do imaginário por algumas correntes acadêmicas, e, as vezes, tratados como uma falsa percepção da realidade, ao serem tomados como subprodutos da imaginação. Nunca se averiguou em que medida os trabalhos junguianos refletem esta posição ou não, e, em que medida têm conseguido refletir a cosmovisão do campo. O objetivo desta pesquisa é o de: 1- Proceder a uma explicitação da concepção umbandista sobre este imaginário; 2- Contrastar esta concepção com um dos principais modelos teóricos aplicados aos estudos afro-brasileiros, a psicologia analítica; 3-Contribuir para um diálogo entre a psicologia científica e a cosmovisão desenvolvida no âmbito da religiosidade afro-brasileira. Os colaboradores (médiuns videntes) foram selecionados a partir do contato com terreiros de umbanda em Ribeirão Preto e Piracicaba. Devido a seus talentos imaginativos, foram acompanhados caso a caso, relatando suas experiências, sendo observados em performances rituais, nas quais se presta especial atenção aos processos da imaginação (estados de transe, previsões, sonhos, vidências, lembranças do passado, etc.). Para além da observação participante utilizaram-se, na coleta de dados, gravações em áudio das narrativas obtidas a partir de entrevistas semi-estruturadas e anotações em caderno de campo de dados e impressões. Em paralelo, foi feita uma análise sobre os estudos junguianos a respeito da religiosidade afro-brasileira. Sobre o material, de campo e acadêmico, foi feita a sistematização das suas respostas para uma tripla pergunta: Qual o estatuto ontológico, epistemológico e psicológico do imaginário? A partir das respostas obtidas levantou-se subsídios para a discussão dos pontos de divergências e semelhanças entre os dois modelos que, não obstante as suas diferenças, permitiu mostrar intersecções, relacionar incompatibilidades e, principalmente, resgatar nuances do fenômeno que escapem ao modelo acadêmico. Os resultados mostram que termos como individuação, inconsciente coletivo, arquétipo, tipos psicológicos, nem sempre são utilizados como conceitos efetivamente junguianos, o que parece indicar que adquiriram um valor heurístico que ultrapassa as fronteiras da psicologia analítica. Os trabalhos junguianos analisados superam a postura patologizante freqüentemente atribuída aos fenômenos do imaginário por pesquisadores clássicos como Nina Rodrigues, Arthur Ramos e o próprio Jung, porém não escapam a vieses psicologizantes, que, muitas vezes, distorcem, à cosmovisão do campo, o que contribui para a redução dos fenômenos a conceitos cunhados a partir de modelos etnocêntricos (CNPq).

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